quinta-feira, 7 de julho de 2011

Texto: Preconceito




por Elaine Reis (proprietária e professora da Academia Pé de Valsa)

Hoje em dia, quando falo que sou professora de dança de salão, as pessoas se manifestam com um semblante de satisfação e curiosidade. Mas... nem sempre foi assim.
Na década de oitenta, quando comecei a frequentar as gafieiras de BH - atualmente infelizmente inexistentes - não era muito bem visto pela sociedade mineira uma menina de 17 anos frequentar este tipo de ambiente. Minha mãe escutou por diversas vezes que eu estava “desencaminhando”.
Mesmo quando finalmente meus pais acreditaram em meu potencial e me apoiaram em minha escolha- trabalhar com dança de salão, ainda assim fui discriminada por amigos, familiares, conhecidos e desconhecidos por várias vezes.
Só depois de muitos anos de trabalho e conquistas que muitas pessoas mudaram suas opiniões ou fingiram que mudaram, não sei bem ao certo.
Pessoas que vivem da arte em nossa hipócrita sociedade têm a sina de conviver com este crime. Crime camuflado e velado, mas quem já sentiu na pele sabe que ele existe.
Há vinte anos, me disseram que o meu empreendimento (Academia Pé de Valsa), estava fadado ao fracasso, pois era modismo.
Tenho o orgulho de dizer que eles estavam enganados e digo mais: a minha arte e ofício é responsável pelo bem estar e qualidade de vida de vários cidadãos desta cidade. Esta é  a maior realização que um profissional pode ter.
Lembro como se fosse hoje dos olhares de desprezo que eu e meu marido sentimos ao participar de bate-papos em eventos sociais. Quando o grupo ainda desconhecido perguntava qual era o nosso ofício e dizíamos que éramos professores de dança de salão por muitas vezes ficamos sozinhos, principalmente se este grupo fosse de uma população mais abastada.
Neste ponto tiro o chapéu para o Faustão, realmente ele conseguiu com o seu quadro Dança dos Famosos diminuir este preconceito. Hoje passou a ter glamour quem trabalha com esta arte. Menos mal, né!?
Mas até no nosso meio (dança como arte), existe preconceito. Até pouco tempo atrás, muitos profissionais de dança como clássico e/ou contemporâneo nos olhavam “meio esquisito”.
Quando participei da associação de dança de Belo Horizonte, senti muitas vezes esta sensação. Sei que somos mais novos no que diz respeito à produção artística de dança de salão como espetáculos, mas somos umas das danças mais antigas do mundo em relação a entretenimento de uma sociedade. E isto merece respeito.
A nossa dança não exclui ninguém. Pelo contrário, inclui todas as idades, raças, credos e principalmente todos os tipos físicos.
Sabemos perfeitamente que nós profissionais temos uma parcela de culpa desta imagem e não estou aqui para fazer um papel de vítima, mesmo porque acredito que somos responsáveis por todo processo em que estivemos, estamos e estaremos.
Dessa forma, temos que estudar e aperfeiçoar sempre, procurar a regulamentação de nossa profissão, preocupar com a nossa aposentadoria, pois assim deixaremos para nossos sucessores uma profissão ainda mais digna.


bhdancadesalao.blogspot.com - 3 anos de muita informação
BH Dança de Salão.com.br - muito sobre a dança de salão de Belo Horizonte
Comunidade Caçadores de Bailes BH (orkut) - 5 anos de divulgação

Nenhum comentário: