segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Texto: Desprazeres

por Elaine Reis (professora e proprietária da Academia Pé de Valsa)

Estava conversando com Wilson Milagres e desabafei que na minha profissão há três tarefas que não gosto muito de fazer: vender mesas para bailes, dar show e competir dançando.
Senti uma doída necessidade de escrever sobre isto.
Nos primeiros 11 anos do Pé de valsa, fiz bailes nos maiores clubes da cidade de Belo Horizonte: Minas Tênis Clube I e II, PIC Pampulha, Círculo Militar, entre outros. Dentre todas as obrigações que eventos como estes necessitam, o que mais dava dor de cabeça era a venda das mesas. Passei a ter pavor desta função. Não sou do tipo que fala alguma coisa e não cumpre. Infelizmente, algumas pessoas têm a postura de prometer algo e esquecer do fato. Vários políticos podem exemplificar esta afirmação, não é mesmo?
Cansei de ficar reservando mesas e, dias antes do evento, pessoas desistiam das mesmas sem nenhum compromisso. Isto acontecia sempre; chegava ao ponto de ser dez a vinte por cento da quantidade de mesa. Como nos bailes havia em torno de 100 mesas, este percentual é muito grande.
Muitos acham que, colocando alunos para apresentar no baile, a venda das mesas está garantida... Doce ilusão! E ainda há a reclamação das pessoas que compraram a mesa e não gostaram do posicionamento da mesma no salão de baile.
Enfim, depois de trabalhar três meses para a festividade, ficar o dia inteiro no clube arrumando o evento noturno, resolver todos os problemas e reclamações, você ainda tem que estar linda, sensual e calma para o show. Sinto muito aos meus alunos e clientes, mas nunca tive este sangue de barata.
Toda apresentação requer horas e horas de ensaio. O corpo físico normalmente fica arrasado - mesmo com muito alongamento e atividade aeróbica - a tal ponto que chega a prejudicar a única atividade que realmente nos dá retorno financeiro: as aulas de dança.
Para piorar esta realidade, depois do show pronto, figurino feito e corpo detonado, na maioria das vezes a venda deste serviço para outros eventos é nula e, nas poucas vezes que conseguimos vender, os interessados não valorizam esta arte e querem pagar preço de banana.
Muitos podem estar se perguntando porque não delegamos funções: contratação de um cerimonial, um iluminador, um responsável para ficar no som, no recebimento dos convidados que deixam para comprar convite na última hora, no camarim, na troca de roupas...... A resposta que eu daria seria: Vocês estariam dispostos a pagar os custos  destes serviços? Infelizmente já darei a resposta da maioria: não.
A última atividade que não gosto de fazer é competir. Alguns podem estar pensando que tenho dificuldade de enfrentar a perda.
Digo pra vocês: depois de algumas competições que fiz no passado, o que realmente eu tenho dificuldade é de acreditar na credibilidade e imparcialidade dos jurados.
Também já estive do lado da banca de examinadores de competições e fiquei pasma com a postura de alguns colegas jurados.
Como na vida também temos que fazer o que não gostamos, enfrento as minhas obrigações de cabeça erguida, mas podendo evitar com certeza evitarei.


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