quinta-feira, 28 de abril de 2011

Texto: Consciência


por Elaine Reis (professora de dança de salão e proprietária da Academia Pé de Valsa)

Começo meu artigo com a seguinte idéia: disciplina praticada em excesso vira ditadura e a inexistência dela vira baderna.
Toda cadeia que envolve a dança de salão está descompensada. Professores, damas, cavalheiros, promotores de eventos, “personal dancers”, donos de academias... Enfim, muitos estão insatisfeitos. Será que nos falta disciplina?
Agora não é hora de colocar a culpa em ninguém, pois todo processo evolutivo tem os dois lados da moeda e estamos no momento de aprender com os nossos erros. Acredito que somos 100% responsáveis por nossa história e, assim, temos o poder de acreditar na mudança com atitudes que alterarão os incômodos do presente.
E quais são os nossos equívocos?
Sinceramente, acho que tudo está interligado. Nestas últimas quatro décadas, gerações de mulheres, homens e famílias mudaram radicalmente a forma de pensar e agir. Os conceitos e preconceitos estão sendo modificados e isto tudo altera o padrão de comportamento.
Nós, profissionais da dança de salão que fazemos toda esta cadeia girar, temos que analisar o novo perfil das pessoas que querem fazer aula de dança e, dessa forma, entender este processo evolutivo.
Os bailes de antes eram acontecimentos que envolviam toda uma sociedade com interesse político, econômico e social. Hoje não, o baile é um simples evento de entretenimento.
Na nossa sociedade pós-moderna, é uma constante a mulher entrar sozinha na aula e/ou ir aos bailes e isto gera um problema enorme.
A falta de regulamentação da nossa arte gera profissionais sem nenhuma capacidade de ensino, sem ética, sem noção de história, e nós mesmos fazemos isto a toda hora quando nomeamos pessoas a serem monitores. Criamos as cobras e depois não queremos levar o bote. Alunos talentosos que não pagam a mensalidade com a finalidade de formar par com quem não tem par nas aulas em grupo são os chamados BOLSISTAS. Se após anos este bolsista manifestar aptidão e interesse de se profissionalizar a conversa é outra.
Uma coisa é a ‘consciência’ outra é a ‘atitude’. Infelizmente, ainda estamos na primeira fase, mas temos que passar por ela para começarmos a vislumbrar quais são as ações em “conjunto” que precisamos executar.
Aqui em nossa terrinha não estamos unidos por uma causa maior. Com frequência vejo dançarinos e poucas empresas se juntarem para fazer work shops de algum ritmo específico trazendo algum profissional de fora, o que também já virou uma febre e um desrespeito com os excelentes profissionais que atuam em nossa cidade.
Dentro de BH, participei da formatação e da primeira turma do curso de extensão na UFMG chamado Pedagogia do Movimento para o Ensino da Dança, e este movimento gerou mais tarde o curso de graduação em dança na mesma faculdade.
Concordo plenamente com Myriam Martinez (membro do conselho diretor da APDS-RJ) quando diz que o profissional tem que ter registro sim, independente se a capacitação for por graduação, pelo SATED ou por associações que representem à classe.
É lógico que, quando todo o processo de profissionalização tiver regulamentado, haverá uma pauta na legislação para os profissionais que comprovarem que já exercem este ofício por um grande tempo, não é mesmo?
Mais o mais importante é entender que as academias especializadas em dança sempre, sempre, sempre terão um papel decisivo para formação de qualquer indivíduo que quiser atuar no ensino prático desta área.
Bem sabemos que ninguém aprende a ensinar ou a dançar nenhuma modalidade em uma grade de seis meses dentro de uma faculdade. Então, a função das academias foi, é e será fundamental neste processo.
Adianto que em BH, a academia Pé de Valsa conseguiu ser uma empresa registrada na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) como escola que recebe os universitários da mesma para fazer estágio. Eu e meu marido (e também sócio) Leonardo Wenceslau já somos considerados capazes de assinar esta supervisão. Enfatizo a importância deste parágrafo não como forma de me gabar, mesmo porque esta conquista veio depois de mais de 20 anos de trabalho, mas como maneira de mostrar a importância que as academias exercem no processo de capacitação e profissionalização.
Precisamos ter mais coerência em todos os setores que envolvem a dança de salão, caso contrário os principais prejudicados somos nós que vivemos desta arte maravilhosa.


bhdancadesalao.blogspot.com - 3 anos de muita informação
BH Dança de Salão.com.br - muito sobre a dança de salão de Belo Horizonte
Comunidade Caçadores de Bailes BH (orkut) - 5 anos de divulgação

Nenhum comentário: