segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Texto: Homens casados não dançam

Por Elaine Reis

Sabemos do sucesso nacional e internacional das novelas brasileiras principalmente as globais. Estas são referência de audiência e os seus intervalos comerciais possuem anunciantes que gastam fortunas nas propagandas de suas marcas.

Grande parte da população está ligada nesta onda. Episódios do cotidiano são freqüentemente mostradas e lógico, como toda ficção, com seus exageros e caricaturas. Mas sem sombra de dúvida conquistam os corações dos cidadãos e assim são grandes formadores de opinião.

Estou começando este texto, o primeiro de 2010, com esta observação que não é novidade para ninguém pois existiu uma cena na novela que doeu no fundo do meu ser, fiquei "rosa chiclete".

A cena era a seguinte: Uma mansão, mesas no jardim, festa de final de ano, requinte, pista de dança. Havia uma mesa com dois casais conversando e bebendo, e um dos maridos fez a seguinte afirmação: "Homens casados não dançam, pois não precisam mais. É a caça."

Será que é falsa?

Comecei a pensar na freqüência dos bailes de zouk, tango, forro, dança de salão... Quantos são casados?

Vaguei o pensamento na minha família que é gigantesca. Para vocês terem noção, meus pais possuíram 11 irmãos cada, ou seja, só de tios são 22. Somando os cônjuges e seus descendentes, passam de oitenta pessoas. É lógico que alguns já faleceram e outros casais se separaram, mas isto me dá uma boa estatística da família mineira.

Pensei também na quantidade de casais que são alunos e não freqüentam baile.

Conclusão: Para mim, AINDA, esta afirmação é verdadeira. Digo isto com muito pesar.

Como mudar este perfil, esta cultura?

Para mim só existe uma forma: temos que lutar e tentar conseguir fazer com que a arte de dançar esteja nas escolas de ensino básico. Mostrar os vários benefícios que a dança de salão traz para o ser humano.

Lógico que estou puxando para o meu lado, mas na verdade a arte a cultura e a história têm que ser introduzidas desde cedo na educação das crianças. Só assim teremos formação de público para o teatro, cinema, museus, bibliotecas, espetáculos e bailes de dança e quem sabe mais casais casados tendo o prazer de dançar.

A arte pela arte. A dança pela dança.

Hoje dia 7 de janeiro, escutei o ministro da cultura, JUCA FERREIRA, falando que haverá, através de um cartão magnético, um vale cultura de 50,00 para o cidadão de classe desfavorecida poder usufruir da cultura do nosso Brasil.

Já é um início.

Precisamos lutar juntos.

Feliz 2010, quem dança com certeza é mais feliz.

Elaine Reis é professora-proprietário da Academia Pè de Valsa

BH Dança de Salão.com.br muito sobre a dança de salão de Belo Horizonte

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