20 anos de dança de salão

por Elaine Reis (proprietária e professora de dança de salão da Academia Pé de Valsa)

O Pé de Valsa representa dez por cento da existência da dança de salão como ensino no Brasil. Para alguns, pode parecer pouco, mas somos uma das primeiras academias registradas na junta comercial de Minas Gerais.
A base deste cálculo está na comemoração em 2011 dos 200 anos desta arte no Rio de Janeiro, em que se catalogou o registro da primeira aula de dança reconhecida pelo professor francês Luis Lacombe. Com muito orgulho e emoção, fui homenageada neste evento.
Quando o Wilson Milagres me pediu para escrever sobre esta história, fiquei um pouco assustada, pois são tantas emoções (!!!), não sabia por onde começar.
Inicio com esta frase de minha autoria: “Dançar e ensinar a arte de dançar a dois é o dom de ser generoso com o seu semelhante!” Aprendi com o mestre Arnaldo Alvarenga que, na maioria das vezes, menos é mais e... o sucesso do nosso caminho foi escolher trabalhar com e para o cidadão comum.
O que é um cidadão comum? Um ser humano comum é aquela pessoa que nasceu em volta do núcleo familiar, apoiada em uma cultura local de princípios e preconceitos estabelecidos pela sociedade e época. Um ser humano comum tem a responsabilidade de sustentar a si e às vezes mais pessoas, e tem o lazer como válvula de escape para mudar o seu cotidiano. Um ser humano normal necessita de afeto, toque, movimento, magia... Um ser humano normal precisa de generosidade.
Nada melhor descobrir que somos um cidadão comum trabalhando para outro cidadão comum. Nesta relação, a multiplicação de conhecimento torna-se gigantesca para ambos os lados. Quem trabalha e sobrevive com a arte de ensinar é artista ou professor /mestre? Uma bela questão para se discutir, não neste texto.
Somos professores de dança com muito orgulho. Todos sabem como é a educação deste país, e temos a alegria de fazer a diferença em nosso meio. Este é o nosso sucesso.
Alguns podem nos perguntar: Mas onde estão os artistas? O sonho do artista sempre existirá, mas ainda não enche a nossa barriga, infelizmente! Este ser artista é um cidadão comum com uma pitada a mais de energia, paixão e insensatez.
Talvez daqui a 20 anos, quando terei 62 anos, começarei a ser artista da terceira idade, estaremos aposentados, família criada, empresa administrada por colaboradores. Há apresentação mais bonitinha que um casal de velhinhos dançando? Agradecemos, amamos, pedimos perdão e sentimos muito! Nos aguardem nos próximos 20, 30, 40 anos...

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