segunda-feira, 4 de abril de 2011

Comentário sobre o texto: Visão equivocada


Para ver o texto original "Visão equivocada", clique aqui!

por Iata Anderson

Prezada Elaine.

Após muito tempo distante dos comentários de bailes, após ler mais um de seus depoimentos resolvi usar uns minutinhos e me solidarizar ao seu assunto.

Já li boa parte dos seus relatos e testemunho os seus desabafos como professora, empresária e dançarina. Neste ultimo, achei pertinente alguns tópicos e esses comentarei sob minha ótica:

“Vejo você bater na tecla: “As academias deveriam se unir; Já tentaram varias formas de se associação” desejo de fazer mídia em ônibus, outdoor, TV, aproveitar propaganda gratuita de dança dos famosos, SBT etc.

Penso que o que for a favor da dança de salão melhor seria de algo que abrangesse todas as escolas. Meia dúzia de academias juntas em um evento, uma parceria, um acordo de preços ou mesmo ceder o espaço físico para um evento de outra academia menor ou mais distante não é de fato uma melhora na dança de salão, mas sim uma forma de capitalizar os envolvidos.

Quando você diz que certas pessoas ficam “quebrando tudo no salão” e isso desencoraja alunos iniciantes: “Os poucos alunos existentes no lugar ficarão sentados à noite inteira, com uma expressão de espanto e/ou vergonha e, no mínimo, imaginando que nunca conseguirão fazer um quinto que seus olhos veem.”

Aluno iniciante é o que o nome diz: Iniciante – O professor deverá suprir suas necessidades, deverá zelar por seu aluno e isso inclui esclarecer que os bailes são abertos e que a pista de dança é para todos. Se ele sabe só o básico ou nunca dançou, é uma ótima noticia para quem tem uma escola de dança. Ofereça o ensino. Nos casos mais críticos (já que o aluno está numa escola e em um baile de dança – subentende-se que o mesmo deseja dançar) indique um psicólogo.

Ninguém dança por obrigação e dançar deveria ser por obrigação ?

Eu me considero iniciante/iniciado e nem por isso sinto vontade de ficar “sentado em função de dançarinos experientes, professores e bolsistas etc.” Pelo contrario, me sinto orgulhoso por dançar ao lado de quem eu considero bom. Mas não quer dizer que professor de dança é bom dançarino, que bolsistas e assistentes são bons também. E o que é ser bom de dança? Acho uma resposta por demais particular. Para uns é girar 155 vezes a dama no zouk com uma mão nas costas e mais 88 vezes com a mão no ar a 5 metros de distancia ( fazendo aquela telecinesia incrível com a dama ); Ou talvez aqueles cavalheiros que tem orgasmos fazendo “faquinha, facão e salto” na contra mão da ronda e com a pista lotada.

Exemplos não faltam.

Eu desejei freqüentar os bailes por atitudes de poucas pessoas. Dançarinos que se respeitam, respeitam o espaço, zelam pela dama e que principalmente nos fazem ver e sentir nitidamente em arrepios que a dança contracena com a musica o tempo todo.

Hoje em dia eu não troco um Guaraná Picolino com pão dormido sem miolo no Sábado à noite, pela grande maioria dos bailes de BH.

Brincadeiras a parte, mas é uma realidade.

Eu definitivamente me cansei de tantas vezes chegar ao baile e:

- Ainda não ter iniciado após quase 1 hora do informado;
- Não ter ar condicionado, ventilador, piso adequado;
- Só ter pra beber uma única marca de refrigerante e ainda ser light (Sukita, Pepsi, Guaraná Kuat e muitas vezes no copo descartável e ainda ser vendido no preço da Coca, Fanta e Guaraná Antarctica), Pagar 4 reais em 200ml de água na garrafinha.
- Ter que dividir o espaço de dança com gente que vai apenas para paquerar, beber cerveja, ficar no meio do salão e ainda perceber que tem gente que dá bola para esse tipo que não dança e só atrapalha (mas é um possível cliente né? Não se deve chamar a atenção).
- Levar toco!! (Esse não né gente. Todos têm o direito de não querer dançar conosco rsss);
- Sentir-me dentro de uma boate e não em um baile de dança, pois parece que existe um decreto que proíbe iluminação nos bailes. Deve ser melhor para dançar sozinho, pois você: Não vê a dama, não vê onde pisa, não vê que o salto da dama ao lado acaba de arrancar a caspa na nuca do casal que estava atrás. Sendo assim o baile fica bom mesmo para dar uns amassos... Ta tudo escuro mesmo!
- Ter roda de cassino ou pior que isso: 2 rodas de cassino ! Quer pior ainda? Duas rodas de cassino sendo uma delas de integrantes da academia A e a outra de integrantes da academia B. Parece impossível de acontecer, mas eu já testemunhei. Roda de cassino pra mim é showzinho antidemocrático e como em BH os espaços são pequenos, fica até chato alguém querer dançar de casal na hora de uma roda dessas.
- Já que eu falei de Roda de cassino nada mais justo que apedrejar o famoso “AULÃO”!!

Nada mais terrível num baile onde você paga uma entrada e é obrigado a “se deliciar” com um aulão pobre, vazio e emocionantemente repetitivo. Perdemos às vezes 30min de baile com isso ou mais = Menos 10 a 12 musicas que perdemos no baile.

Penso eu: Aula = Escola = Aluno = Aprendizado = Fidelidade = Lucro merecido.

Mas tem gente que insiste nisso e vai quem quer né? Eu não mais. Dou meu exemplo.
- Musicas! Haveria baile sem elas? Nãoooo!

Nessa semana estive presente num baile e o Dj era um dos mais famosos de BH.

Sabe quem? O Dj Fantasma ! rsss

Ele está sempre presente. Seja dançando com um aluno; recepcionando os mais chegados; providenciando o troco no caixa; ou mesmo dando uma volta pra pegar um ar mais fresco na janela. O Dj Fantasma sempre é visto correndo para a mesa de som quando a musica acaba ou quando começamos a vaiar a musica que falha, que repete, com chiado ou incompleta.

Ser Dj de um baile é muita responsabilidade. Organizar um repertório para o tema do baile, organizar as musicas, conferir equipamento, chegar antes do inicio, ter musicas sem defeitos, trazer novidades, aumentar e diminuir o andamento das musicas etc.

Imaginem: Você chega ao baile e o seu professor está ocupado demais para dançar com você, pois não há um Dj contratado para tocar. O dono da academia está no som. Aniversario de 80 anos da escola e o aniversariante está ocupado no som e ainda de qualquer jeito. Mas vamos dar um desconto nesse caso, pois afinal de contas é um aniversário e todo aniversário é uma festa especial e particular.

É fato: Em BH ninguém quer pagar Dj. Vai sempre “quebra galho”: Sempre professor, bolsista ou o próprio administrador.

- Acho que eu ficaria horas escrevendo sobre esses pontos, mas desejo que esse texto não provoque sono em quem o lê. Antipatia será quase inevitável. Que eu seja ovacionado, apedrejado ou que os tímidos não se manifestem. Mas o meu desejo é que as pessoas se identifiquem e despertem uma consciência que sirva positivamente no cuidado aos próximos bailes e eventos de dança, pois eu ainda gosto de dançar e gostaria de dançar em bailes melhores.

O que é mais importante no baile, por incrível que possa parecer é o básico e o mais simples: Educação, Respeito, Consciência.

Então Elaine, o que é a favor da dança de salão de BH? Não é propaganda no ônibus, associação de academias, Cias A e B formadas por escolas D e E, Workshops com 90% professores e amigos (não importa se existem mais opções, devemos favor aos amigos em nossos eventos. Eu convido o fulano pq fui convidado para o evento dele um dia) da academia A, 0% academia B, C, D e uma atração do RJ ou SP.

Creio que nenhuma escola precisa se associar a outra para alcançar o que você deseja. Você abriu sua escola para ensinar igual? Você ensina como aprendeu há 20 anos?

A concorrência sempre existirá e muitas vezes ela virá alimentada pela sua própria escola. Afinal quem quer ser professor contratado a vida toda? Bolsista quer ser assistente que quer ser professor e que quer ter seu próprio negocio e nele sustentar seus valores pessoais.

Nossos valores pessoais são o que nos diferencia das outras pessoas.

Outro dia desses me falava um professor: “Eu não devo fazer criticas aos profissionais de dança que concorrem comigo”...

Eu respondi que era porque ele fazia parte da “política da boa vizinhança”. Ou seja, para não ficar “mal na fita”, aceito calado ou simplesmente omito minha opinião e restrinjo apenas a meus amigos ou colegas ou na minha academia os fatos que não agradaram a mim ou a outras pessoas.

Se ninguém reclama, logo está tudo bem.

Meu ultimo comentário será para esta frase: “Temos que promover bailes de dança, mas sermos sinceros e avisar que determinado evento terá a presença da galera mais experiente”.

Como definir quem é experiente? Você se referiu a uma turma especifica: “A galera que quebra tudo”?

Seriam os mais idosos? Os mais freqüentadores? Acho difícil definir, pois se assim fosse teríamos certa discriminação a um espaço coletivo em que qualquer pessoa que possa pagar o ingresso tem o direito a participar.

O que é fato para mim é que a dança de salão perdeu a nostalgia. Temos hoje mais modismos que o tradicional. Bailes temáticos de dois ritmos com as famosas cortinas de outros ritmos.

Assassinamos o bolero e o soltinho. Na moda é dançar zouk e salsa; samba e forró; Ser chique é vestir sua melhor roupa e ir ao baile de tango com queijos e vinhos.

E a mais nova: West Coast Swing!

Aqui em BH não se dança na ronda, não há deslocamento, poucas pessoas se respeitam no salão e ainda querem botar na nossa cabeça que devemos ir além e aprender WCS.

Nada contra ao WCS que acho maravilhosa a dança.

Veja se você identifica o exemplo:

A academia Y traz o Jaime Arôxa para uma apresentação. Dança a Cia da escola, Bolsistas, uma coreo de alunos e logo vêm Jaime e Bianca que maravilhosamente dão show.

Cessam as palmas e 70% do baile vai embora! “Não sobra mais nada a fazer no local?”.

Daí eu pergunto: O baile estava bom? A dança tem mantido as pessoas em diversão? Está saudável para as pessoas? Qual é o problema então?

Portanto para mim o que é a favor da dança de salão é que cada um faça sua parte. Que respeite e seja educado com o colega. Faça para si e depois aos outros. Se você é professor de dança ( você é ainda mais responsável), seja referência e ensine que a dança tem regras. Utilize o exemplo da dança esportiva. Ensine ronda; Ensine a quem quer dar showzinho que se apresente no palco; Ensine que a musica que está tocando pode ser no mínimo interpretada; Ensine que higiene e um sorriso são legais e evitam um não;

Mantenha seu espaço de baile limpo, ventilado com opções de bebidas e musicas adequadas (O básico);

Penso que algumas escolas economizam mixaria e deixam de prestar um bom serviço a comunidade da dança de salão.

E por fim, dê o exemplo e mostre claramente seus valores, pois são eles que vão manter sua academia, seus verdadeiros amigos, sua família etc. Continue buscando a realização dos seus sonhos.


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