terça-feira, 31 de maio de 2011

Texto: Coordenação de personal dancing



por Elaine Reis (professora de dança de salão e proprietária da Academia Pé de Valsa)

Para quem não sabe o que é ‘personal dancing’, é uma forma mais chique de falar dançarino de aluguel.
A mudança comportamental da nossa sociedade, principalmente das mulheres, traz como consequencia a necessidade da contratação deste serviço, já que é super natural a saída da dama sozinha para eventos sociais.
Sempre tive facilidade em memorizar nomes de alunos e estou sempre atenta às reclamações vinculadas a nossa arte. Talvez seja por isso que em BH fui pioneira em abrir mais uma frente de trabalho com grande sucesso: coordenadora de personal dancing.
Não posso garantir que em outras cidades e estados este serviço não está sendo executado, mas aqui em nossa terrinha tenho certeza que não.
Esta necessidade se manifestou a partir da cotidiana insatisfação de clubes e associações com os dançarinos contratados da nossa empresa. Chegou ao ponto de perdermos o serviço para nossos concorrentes. (Concorrentes que por sinal, satisfeitos em conquistar um espaço até então inoperante, fizeram o favor de abaixar em 30% o valor do serviço. É a livre concorrência, não é mesmo!?)
Só esquecem que não estamos falando de celulares, TVS ou computadores de última geração e sim de serviço feito por seres humanos.
Enfim, para minha surpresa e espanto, pois achava que os contratantes estavam satisfeitíssimos com a queda de preço dos serviços oferecidos, fiquei sabendo que o problema continuava.
Até então os clubes e afins acusavam os dançarinos de privilegiar apenas algumas associadas e, assim, a maioria das sócias não dançavam. Nunca acreditei nesta versão, pois tenho o zelo de preparar cada dançarino pessoalmente com todas as regras necessárias tornando-os aptos para tal serviço.
Passando o tempo, fomos novamente contratados e tive a idéia de “policiar”. Peguei uma prancheta e, por ordem de chegada, colocava o nome de cada dama que adentrava no baile. Como sempre, os dançarinos são orientados a dançar duas músicas com cada mulher. A diferença é que agora, ao final de cada sequencia, cada dançarino vem até a mim para saber qual será a próxima candidata. Fiz uma descoberta!
Noventa por cento dos casos não eram os dançarinos que privilegiavam e sim as próprias sócias que, em suas “panelinhas”, monopolizavam os mesmos e a maioria dos profissionais, com medo de uma represália, aceitava a situação. Chegava ao ponto de o dançarino nem conseguir circular e chegar às mesas que ficam mais afastadas das pistas.
O trabalho da coordenação é conscientizar as pessoas, principalmente as mulheres, que o serviço prestado é para atingir todas as associadas e não ser um privilégio para poucas.
Está sendo muito difícil e penoso educar as “espertinhas “.
Meu apelido passou a ser: “Lá vem o CORONEL de prancheta, a chata,  a amiga da onça”. Rsrsrs! Sinto-me às vezes como aquele jurado que tem o papel de só malhar os competidores. Faz parte do processo e da função.
Xingamentos a parte, o importante é que as reclamações diminuíram em 80% . Todas as mulheres que querem dançar, sem exceção, realmente dançam. Para tirar a minha tensão, procuro focar na felicidade das mulheres que não usufruíam do seu direito.
Um outro problema era saber como abordar as mulheres acompanhadas ou casadas. Uma grande amiga, professora da casa, teve a idéia de fazermos uma cartela de “quero dançar” ou “não quero dançar” imitando as churrascarias. Eureka! Está sendo um sucesso.
Ainda tenho um pequeno problema com determinadas bandas que não finalizam as músicas e saem emendando umas nas outras. Para o dançarino fica complicado esta percepção de término musical, pois muitas vezes existe um bate papo natural com o par.Nesta hora a experiência fala mais alto e o dançarino acostumado com esta função já tira esta questão de letra.
Espero que vocês, profissionais em dança, possam reconhecer e legitimar esta nova função, pois dentro de várias entidades de BH ela já existe.


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