terça-feira, 24 de maio de 2011

Texto: Gato por lebre


por Elaine Reis (proprietária da Academia Pé de Valsa e professora de dança de salão)

Sempre adorei apresentações de dança, independente do estilo: contemporâneo, jazz, clássico, dança do ventre, dança de salão, etc.
Sou tão apaixonada com esta arte que consigo achar alguma beleza até em espetáculos medíocres, pois bem sei das infinitas dificuldades enfrentadas.
Ensaios desgastantes, exaustão corporal, quedas, fraturas, falta de patrocínio, iluminação precária, inexistência de roteiro, cenário, marketing, cachês para dançarinos, coreógrafos; enfim, só quem ama muito o seu ofício tem esta capacidade de doação ou então é muito burro por se dedicar tanto em algo que dá pouco retorno financeiro. Mas prefiro acreditar na primeira hipótese.
Para piorar a situação, as leis de incentivo beneficiam apenas poucos. Estes poucos, na sua maioria, se deparam com a dificuldade de captação de recursos. Assim muitos perdem o seu projeto aprovado e às vezes com todo espetáculo já pronto.
Bem, falei, falei e ainda não entrei no tema do título. Não preciso dizer que, através da internet, ficamos bastante atualizados de apresentações de dança. Basta querer pesquisar.
A modernidade nos dá instantaneamente este bel prazer.
Estou careca de saber que a arte não tem regra, que o belo é relativo e o show pode ter influencias de várias naturezas.
Entretanto, muitos dançarinos e empresários estão vendendo show de dança de salão e a única coisa que não existe é a dança de salão. Será que isto é certo? A arte pela arte pode tudo?
Acabo de assistir várias apresentações de dança, na região sul do Brasil, de um work shop que se diz de dança de salão. De verdade, ADOREI a maioria das apresentações, mas a única coisa que não consegui enxergar é a dança de salão. Tango moderno, zouk contemporâneo, músicas eruditas, etc.
Será que as pessoas estão preparadas para esta nova visão de espetáculo? Será que esta transformação é um atrativo para as pessoas se interessarem a fazer aula de dança de salão? Quem conhece um pouco da história sabe muito bem que durante muitos anos os shows de dança de salão foram a maior propaganda e a divulgação máxima dos professores desta modalidade de dança...
Repito a pergunta: será que os leigos ou consumidores de nossos serviços (aulas de dança de salão) estão conscientes desta evolução?
Muitos artistas podem estar pensando que são coisas distintas - show e aula. Eu até concordo, mas a verdade é que a cada dia as apresentações de dança de salão se distanciam mais do público que sempre vislumbrou a possibilidade de se ver no lugar daquele artista na vida social cotidiana.
Bem, a situação é muito complexa. Fazemos de tudo para aumentar o público que assiste arte, principalmente a dança. E o esforço é grande para formarmos cidadãos com desejo de assistir e consumir a nossa arte da dançar a dois.
Acredito que tudo é valido. Só acho que temos que explicar o que estamos vendendo; se não o tiro pode sair pela culatra.
As pessoas podem se sentir enganadas, podem achar que estão comprando gato por lebre e os mais prejudicados somos nós que vivemos desta arte.
Justiça seja feita, um dos poucos profissionais que realmente explica a realidade do seu trabalho é Jomar Mesquita.


bhdancadesalao.blogspot.com - 3 anos de muita informação
BH Dança de Salão.com.br - muito sobre a dança de salão de Belo Horizonte
Comunidade Caçadores de Bailes BH (orkut) - 5 anos de divulgação

Um comentário:

Anônimo disse...

Eliane, tudo bem?

Sempre leio os seus artigos sobre dança. postados aqui neste blog. Tenho acompanhado sua colocação e experiencia com esta arte, e só tenho que agradeçer por mostrar o outro lado da coisa. Já dancei um tempo atrás (bolero e forró) e muitas vezes nas poucas idas em bailes (quando tinha coragem) a maior preocupação era em saber dançar bem. Não ouvia muita a musica , o ritmo, nao via a dama, mas só se pensava em não fazer feio e ~errar menos o possivel.

CONCLUO QUE NO FIM, TUDO NÃO SE PASSAVA MAIS DO QUE UMA COMPETIÇÃO DO QUE UMA SATISFAÇÃO EM DANÇAR.

O engraçado que tentar comentar sobre certos temas da dança por alguém que vivenciou pouco, não é lá grande coisa, mas ver certos TEMAS POLEMICOS (para alguns) vindo de uma professora profissional,me sinto mais tranquilo pos SUA HUMANIDADE E TRANSPARENCIA...PARABENS ...PARABENS...