domingo, 27 de setembro de 2009

Texto: O desencontro encontrado

por Elaine Reis - Academia Pé de Valsa/BH/MG

O bar da empresa fica a frente da pista de dança, nestes dezoitos anos, imagino quantas horas já passei olhando os casais dançando. Graças a Deus já vi muita coisa, legal e desagradável.

Tudo faz parte, é mágico.

Nesta última sexta me chamou a atenção um trio. Posso dizer que já vi casos semelhantes, mas é a primeira vez que atrevo a comentar.

Uma das mulheres já foi aluna por um pequeno período, dois a três meses no máximo, saiu por instabilidade pessoal e comercial, pelos menos foi o que nos disse e tinha muita dificuldade. A outra loira beirando os cinqüenta, elegante e faceira. O rapaz era jovem, negro, alto, bem trajado, uma simpatia infantil. A minha intuição diz que ele deve ser um personal dancing.

Galera! Sabiam fazer vários passos, mas nenhum dentro do ritmo. Eles estavam na contra mal em todos os sentidos imaginados. Era incrível o que conseguiam fazer.

O mais perturbador que apesar todo o descompasso eles estavam sincronizados e felizes.

A felicidade deles era abrangente, brilhos nos olhos, não parava de dançar um minuto sequer, as duas mulheres saíram com os cabelos umedecidos e corpos suados.

Foi um momento único para mim, pois o belo muitas vezes pode está onde a gente não acredita que esteja.

Apesar dos meus olhos acharem a dança medíocre o meu coração se sensibilizou e emocionou com a alegria que eles estavam, era contagiante.

Muitos casais são tecnicamente perfeitos, tão certinhos que parecem robôs e não consegue expressar nada, outros são tão melódicos que fica até cansativo olhá-los dançar, pois a qualquer interrupção da música já temos a certeza que algo especial vai acontecer, assim o que era para ser detalhe passa a ser regra.

A verdade é que não existe verdade, cada um tem seu gosto e sua forma de interpretar e de enxergar, mas uma coisa é certa para mim, a felicidade que a dança irradia é igual a velocidade da luz, chega a você instantaneamente.

Elaine Reis é instrutora especializada em dança de salão da "Academia Pé de Valsa"- BH - divulgando a dança como forma de cultura, arte e lazer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Elaine, com todo respeito,seus textos são impressões meramente pessoais, é apenas seu modo de ver e sentir. No texto acima você chama de pavões, exibicionistas, perfomáticos, etc, pessoas que dançam (tudo bem que alguns exageram com movimentos aonde não tem espaço pra isso), mas depois você taxa de mediocre quem é mais limitado. Só uma frase você brilhou "A verdade é que não existe verdade, cada um tem seu gosto e sua forma de interpretar e de enxergar", a verdade e o certo é muito relativo na vida pessoal e até na dança. Como você mesma contou o errado, o mediocre e o pavoneamento no salão pode ser a alegria pra alguns...