quinta-feira, 17 de junho de 2010

Respeito e desrespeito






por Elaine Reis (professora de dança de salão e proprietária da Academia Pé de Valsa)

Realmente é um paradoxo como somos amados e desprezados ao mesmo tempo.
Para explicar minha afirmação, vamos aos fatos.
Fizemos um baile para comemorar o aniversário do nosso professor Leonardo, dono da escola.
Baile animado, com apresentações, surpresa para os convidados com os meninos da barragem Santa Lúcia executando dança de rua, bolo molhadinho de coco com abacaxi, pista lotada o tempo inteiro.
O professor aniversariante aclamado pelos alunos não tinha mãos para segurar tantos presentes, seu filho de quinze anos carregava o bolo e o sorriso contagiante da galera, pois a vela insistia em ficar apagada. Muito amor verdadeiro sem falsidade, a gente sentia esta energia boa no ar.
O baile foi realmente iluminado, astral este resultado de muita dedicação e respeito pelo ser humano.
Momentos assim nos fazem sentir respeitado e com muito orgulho de fazer parte da cultura e arte desta cidade.
Como tudo tem dois lados, vamos ao outro lado da moeda.
Dia internacional da dança, a academia foi convidada através dos professores Demétrius e Kelly para participar de uma comemoração na praça da assembléia a favor deste dia e desta causa.
O evento foi comandado pelo brilhante bailarino Rui Moreira, que fazia de tudo para chamar o pequeno e quase inexistente público que passava na praça. Sempre preocupado em divulgar a escola e os dançarinos participantes, além de enfatizar, é claro, os benefícios e a história da dança para as pessoas.
Outras escolas de dança de salão também foram convidadas e, ao se apresentarem, fui possuída por um sentimento de tristeza avassaladora.
Todos sem exceção dançaram em um chão de cimento, piso este que impossibilitava a execução perfeita de vários movimentos e, para aumentar o meu espanto, no meio das apresentações entrou na praça um caminhão gigantesco que desviava a atenção do mínimo público existente.
O renomado dançarino avisava que a praça seria dividida também com a manifestação dos professores em greve.
Meu mundo caiu, percebi que, dentre aquele minúsculo público, a maioria era de professores insatisfeitos como a educação deste país é tratada.
A minha vontade era de me juntar aos professores e começar a gritar (senão berrar!) como a cultura enfrenta os mesmos problemas.
Enfim, no outro dia, abrindo um jornal de grande circulação do qual sou assinante, vejo uma pequena matéria falando do evento da dança.
É muito fácil criticar e não dar uma solução para o problema. O meu sentimento é de profunda impotência.
Por várias vezes participei e continuarei participando de eventos como este, mas acho que temos que reivindicar aos órgãos públicos e principalmente da mídia local um apoio maior.
O artista tem que ir aonde o povo está, não é mesmo? Assim, precisamos conseguir por parte dos meios de comunicação a divulgação destes eventos de forma antecipada. Caso contrário, é um esforço sem alcançar nenhum objetivo real. E... ninguém vive de brisa.

bhdancadesalao.blogspot.com - 3 anos de muita informação
BH Dança de Salão.com.br - muito sobre a dança de salão de Belo Horizonte
Comunidade Caçadores de Bailes BH (orkut) - 4 anos de divulgação

Um comentário:

Wilson Milagres disse...

Olá!

Primeiro agradecer a Elaine pelo único comentário e memória que recebi da comemoração do dia da dança. Não sabia que tiveram esses acontecimentos.
Segundo, acalentar a Elaine dizendo o que ela já sabe: "demora-se construir um edifício. Mas depois de construído, é só aproveitar".
[]s