segunda-feira, 11 de maio de 2009

Convite de Grego - texto sobre dança de salão

por Elaine Reis - Academia Pé de Valsa/BH/MG

Quase todo profissional de dança de salão já foi confundido com mendigo. Enfatizo que em nenhum momento estou querendo ofender esta parcela da nossa sociedade; pelo contrário, até acho que arrumarei uma “solução” para estes famintos de comida e afeto.

Vou contar uma historinha... e duvido que muitos de vocês, professores de dança, já não passaram por uma situação semelhante.

Era uma vez.......... Na rotina de sempre, graças a Deus, estava eu administrando as minhas aulas e a minha empresa, e chega um convite de uma aluna para irmos em sua “festinha” de aniversário. Ela não só convidou a mim, mas também o meu parceiro e marido.

Como uma boa mineira, que não perde o trem, providenciei um belo presente, fui ao salão fazer uma chapinha básica, pé, mão, caprichei no figurino, um bom perfume. E fomos lindos e maravilhosos!

Chegando lá, a festinha era em uma mansão, com música ao vivo, buffet, gente bonita. Fiquei toda animada e pensei que meu esmero não tinha sido em vão. Que beleza! Pensei: “poderei conversar, conhecer pessoas diferentes, tomar um bom vinho, dançar se tiver vontade...”. Enfim, sonhei, sonhei, sonhei. Doce ilusão.

Tudo não passou de um grande sonho. Para começar, ela nos colocou em uma mesa que só tinha meu marido de cavalheiro, pode? Não preciso dizer quantas mulheres estavam ali, não é mesmo?
Para piorar a situação, de quinze em quinze minutos, a anfitriã nos apresentava aos outros convidados e dizia: “fulano, sicrano, beltrano.... querem dançar com vocês!”

A minha indignação foi tamanha que, na primeira vez que isto aconteceu, nós não tivemos reação. Aceitamos a situação e, querendo ser agradável, passamos a festa dançando com os convidados que nos pediam para ensinar “passinhos”. E ainda alguns jogavam “aquele charme” para mim e, lógico, algumas faziam o mesmo para o meu marido.

A dona da festa ria para nós e, de vez em quando, falava que a mesa do buffet estava à disposição. Ninguém merece! Foi quase a morte. Perdi o humor.

Entendi que nós não fomos convidados para a festa e sim para animar a mesma. A aluna “só” esqueceu de perguntar quanto era o nosso cachê!!! Foi ou não foi um convite de grego? Felizmente, hoje temos outra postura...

Não disse que tinha a solução para os mendigos? Aí vai: vamos fazer uma campanha junto às prefeituras para que possam ofertar aulas de dança de salão para que eles se tornem “dançarinos”. Tenho certeza que de fome eles não perecerão. É brincadeira.

Preciso da ajuda de todos os leitores para tentar mudar este quando que certamente nós, profissionais de dança, temos uma parcela de culpa, mas isto são cenas do próximo capítulo.

Até breve!


Elaine Reis é instrutora especializada em dança de salão da "Academia Pé de Valsa"- BH - divulgando a dança como forma de cultura, arte e lazer.

Nenhum comentário: