quinta-feira, 25 de março de 2010

Texto: Ética... Ética? Ética!

por Elaine Reis

Ética: palavra tão pequena e tão complexa.
Meu filho de 15 anos, num destes dias, me disse que venderia um convite que tinha recebido de uma festa de quinze anos por cinqüenta reais.
Quase tive um colapso nervoso!
Meu nervosismo ficou maior ao saber que isto é normal entre os colegas. E pior: eles fazem isso na maior cara limpa.
Respondi que só por cima do meu cadáver. Expliquei que quem tinha lhe dado o convite preparou a festa com o maior esmero e que ele era uma pessoa especial para a debutante. Ela e nem a família querem um penetra, que muito bem poderia ainda acabar com a festa por mau comportamento e, mesmo que fosse uma pessoa do bem, não tinha elo de relacionamento nenhum com os organizadores.
Será que os outros pais estão ficando cegos? O exemplo tem começar dentro de casa, senão tudo vira uma corrupção e a lei do mais esperto fica sendo ‘o correto’.
E na dança de salão, estas cinco letras que formam esta palavra tão pequena e tão complexa se encontram ou desencontram?
É fácil e lembrar de alguns casos que julgamos terem sido falta de ética, pois o beliscão só dói na própria pele, não é mesmo!?
Sem hipocrisia, me lembro de ter cometido algumas injustiças: já deixei um professor sem poder falar usando da minha autoridade... Arrependo-me amargamente, mas somos humanos, e o principal é admitir o erro. Outra errata foi divulgar uma apresentação que na realidade não chegou a acontecer - propraganda enganosa, mas tenho consciência e farei de tudo para que não aconteça novamente.
Será que algumas atitudes são identificadas como falta de ética? Será que as pessoas realmente estão preocupadas com isso?
Vou citar algumas:
- Pessoa criada dentro de sua casa (escola)monta uma empresa e oferece 30% a menos para um grande cliente que você demorou anos para captar, desvalorizando toda uma classe de profissionais que está nesta estrada há séculos. Isto é apenas livre concorrência ou é falta de ética? Por que não buscou um novo comprador de seus serviços? Infelizmente, muitas pessoas, ao empreender, não pensam em fazer o seu público, mas querem o do outro, que já vem prontinho e fácil de “pegar”.

- Incentivamos os alunos a dançarem em bailes para que seu desenvolvimento seja rápido. Assim, é lógico que vão procurar bailes em vários pontos das cidades. Quando chegam na nossa empresa, falam que a determinada escola chamou para fazer aula em sua sede. Isto é normal? Será que a realidade financeira de nosso aluno é tão boa que ele pode fazer aula em vários lugares? Nenhum dos meus colaboradores está autorizado a abordar um visitante de baile sobre aulas de dança, a não ser que esta curiosidade venha do próprio cliente.
- Temos alguns planos de pagamento como estratégia de planejamento para suportar a ausência de alunos em meses como, dezembro, janeiro, fevereiro e também em julho. Problema este que toda empresa passa e que nos tira a condição de viver dignamente.  Já presenciei concorrentes difamando para os seus alunos estes projetos de prevenção e se vangloriando de que na sua academia o aluno não precisa se preocupar com os meses que estarão ausentes. Como pode uma mesma classe se prejudicar tanto? Precisamos da fidelização, pois todas as nossas obrigações financeiras continuam as mesmas! Em janeiro, por exemplo, até aumenta.
É engraçado perceber que às vezes somos copiados em tantas coisas e nas principais, que são a valorização e sobrevivência da nossa classe, as pessoas fazem justamente o contrário.
- Você é uma empresa ou associação, com fins lucrativos ou não? Projetos culturais que almejam o patrocínio das leis de incentivos são para associações sem fins lucrativos. Será que é por isso que as pessoas dizem que são uma coisa e na realidade é outra? Ou apenas estão fugindo dos vínculos empregatícios...
Isto tudo é ético???
Enfim, poderia citar mais alguns exemplos, mas cansei. Este assunto é muito chato, penoso, mas real.
Existem ótimos profissionais com um trabalho belíssimo na cidade, mas que estão fora da lei e assim prejudica a concorrência leal, se é que isto existe!
A lealdade e a ética fazem com que a nossa classe seja mais reconhecida em várias instâncias: nos órgãos públicos, na mídia, nas empresas privadas e, principalmente, mais respeitada por nossos clientes. Entretanto, infelizmente muitos novatos e alguns veteranos não estão preocupados com isso. Que pena!
Ahhhhhhh já ia me esquecendo. Com certeza em todo caos há quem sai lucrando: os compradores de nossos serviços devem estar muitos felizes, pois a cada dia conseguem os serviços mais baratos.
A diferença é que não estamos falando de computador, televisão de plasma, máquina digital ou celular. Aqui, a questão é o serviço que envolve toda uma classe de seres humanos – profissionais da dança de salão – que, por obrigação e consciência, deve pensar em sua sobrevivência e aposentadoria.

Elaine Reis é professora de dança de salão e proprietária da  Academia Pé de Valsa

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