terça-feira, 13 de abril de 2010

Texto: Prazer para sempre


por Elaine Reis (professora e proprietária da Academia Pé de Valsa)

Nasci para a dança dentro de uma gafieira que, infelizmente, não existe mais. Sinto até hoje o palpitar acelerado do meu coração quando vi os casais deslizando e rodopiando no salão pela primeira vez. Pensei: achei o meu mundo - até então perdido dentro de uma faculdade de engenharia civil.
Tenho poucas oportunidades de dançar dentro da academia, por vários motivos: obrigações com atendimento e a conversa com o cliente, fechamento de despesas do bar, observar se as pessoas estão dançando e assim tentar formar os pares para que o baile seja dinâmico. Além disso, sendo mulher, prefiro deixar mais um cavalheiro livre pra dançar com os freqüentadores dos bailes. Para completar a história, parece que os rapazes têm vergonha de me chamar para dançar, o que é muito frustrante.
Tirando estes contratempos, às vezes acontecem situações que me fazem sentir o mesmo prazer do início; e é algo mágico!
Há pouco tempo, dentro da empresa houve dois bailes que me mostraram que esta energia encontrada no passado não tinha morrido e não acaba jamais.
A primeira situação foi completamente inesperada, apareceu um rapaz novinho - exatamente a metade da minha idade, quase que podia ser meu filho - indo pela primeira vez na escola. Chamou-me para dançar. Como dançarina, gosto do desafio de conseguir dançar com alguém que nunca vi na vida. Ficar atenta ao corpo do rapaz e deixar me levar pela sua emoção é um grande “barato”. No final da música, eu estava com aquele brilho no olhar, alma lavada.
O prazer alcançado em poucos minutos me nutre por uma boa temporada.
Tecnicamente falando, fico realizada ao constatar que consegui interpretar pelo menos noventa por cento da intenção do cavalheiro.
Ao me despedir deste rapaz, disse a ele: até algum dia nos bailes da vida. E ele retribuiu com um doce sorriso e partiu.
A segunda situação foi com um novo integrante da escola. Estava na cozinha, lanchando, e o professor me abordou dizendo que, quando tocasse um determinado ritmo, me chamaria para dançar. Meu coração disparou! A comida foi engolida sem sentir nenhum sabor, adrenalina a flor da pele. Há ritmos que são sempre desafiadores, principalmente quando não praticamos tanto. E tinha chegado a hora, a música começou a tocar.
Mesmo sabendo que meu desempenho não foi dos melhores, senti uma profunda comoção e alegria. Este pequeno instante deu-me mais ânimo para treinar e estudar.
Quando sentimos o verdadeiro prazer não temos vontade de parar. E aí, só nos resta dançar, dançar, dançar!

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