segunda-feira, 26 de abril de 2010

Texto: Dança: expressão da alma

por Marco Túlio A.G. Jr. (aluno de dança de salão)

Frederich Nietzsche, filósofo alemão, em um de seus ensaios, uma vez afirmou que a música é a mais pura das formas de arte, pois atinge, sem intermédio, direto a alma. Então pergunto: o que seria a dança? Concluo: é a expressão da mais pura arte, é a expressão da alma. A Dança de Salão ainda consegue mais: a união de DUAS almas em uma única música, duas pessoas deslizando pelo salão em uma harmonia tão perfeita que parecem ser uma só.

Na minha tola opinião, dançar não é apenas uma simples execução de passos: é entrega, é pura poesia, harmonia, cumplicidade, realmente coisa de alma e coração. Eu ouso dizer que chega a ser um “relacionamento” de alguns minutos, tamanha a entrega dos dançarinos. O que percebo hoje, infelizmente, é que muitas pessoas estão mais preocupadas em exibições acrobáticas e em verdadeiras competições de dança durante os bailes em lugar de entregar sua alma à essência da dança, da arte. Em bailes vejo algumas pessoas se preocuparem mais em criticar quem está dançando e se apegarem a protocolos no lugar de realmente se divertirem e se entregarem ao ritmo, à música, que é a essência de qualquer dança.

Conheci minha AMADA namorada, atual noiva, no ambiente da dança de salão. Foi magia pura num baile na academia que, mais tarde me tornaria aluno. Toda nossa história se passou ali, desde o inicio, e as pessoas acompanharam. Por isso, meu pedido de noivado foi feito lá, em um baile de Tango, ritmo que tanto adoro e próximo às pessoas que incentivaram e torceram pelo meu relacionamento. Fiz, com o apoio do meu professor e dono da academia, que se tornou para nós, eu e minha AMADA, parte da família. E digo mais: nunca recebi tantos cumprimentos quanto naquele dia. Eram pessoas que muitas vezes eu nem conhecia e outras que me viram chegar lá, desde o primeiro dia, todos animados e felizes por nós. Ainda bem que existem pessoas assim: sensíveis e respeitosas.

Já estive em bailes e casas de show do Oiapoque ao Chuí e muitas delas abrem espaços para homenagens a aniversariantes e outros casos especiais... Naquele dia, naquele baile, era minha história e da mulher que eu amo, união de duas almas. Dançamos um bolero, que afirmo ter sido o melhor que já dancei na minha vida . Sequer me lembro dos passos que executei. Dançamos com alma, dança de verdade... Dança é isso: é sentimento, é amor.

Giovanni e Ponto da Dança, obrigado pela oportunidade. Que bom que academias como esta fazem com que nos sintamos parte de uma grande família.

Chego a pensar que estamos passando por momentos complicados em relação a valores. Para que um baile seja bom, tem que ser sem alma? Baile frio? Com pessoas que simplesmente só querem exibir-se ou queixar-se? Que isso pode e aquilo não? O que é certo e errado? Quando vamos a um baile, sabemos que ali encontraremos pessoas com níveis diferentes de dança e que cada uma delas carrega sua história. Quem quer apenas exibir-se, que procure uma companhia de dança e inscreva-se! Bailes não têm este objetivo ou pelo menos não deveriam ter. Não os bons bailes!

Gostaria que as pessoas se lembrassem disso tudo, não só para melhorar nossa qualidade de dança, mas também para tornar os bailes que frequentamos muito melhores, dançando com amor, alma, harmonia, entrega, cumplicidade, equilíbrio, paz, essência...

E para finalizar, gostaria de dizer que considero a Roda de Cassino um momento de integração para quem não liga em se arriscar e quer se divertir.

Obrigado pelo espaço.

BH Dança de Salão.com.br muito sobre a dança de salão de Belo Horizonte

6 comentários:

Fábio Gomes Paulino disse...

Parabéns Marco Túlio pelo belo texto e referência a Friedrich Nietzsche. Assim como sua definição da dança como "expressão mais pura da alma" e o compartilhamento de um momento tão mágico e feliz em sua vida, vivido na dança de salão, é a importância e coragem de Nietzsche para que hoje as sociedades tentem viver sem preconceitos e máscaras convencionais que nos aprisionam dentro de nós por vergonha e medo.

Giovanni Isoni disse...

O espaço para breves homenagens, principalmente aniversários, sempre que possível é cedido na nossa escola. Preocupo-me e cuido para que o tempo destas raras interrupções não prejudiquem o andamento e a qualidade dos nossos bailes.

O Ponto da Dança lembra sim que cada pessoa que aqui frequenta tem suas próprias histórias e foi com orgulho que cedi o espaço para um inusitado pedido de casamento.

Quem sou eu para impedir que um casal realize um de seus muitos sonhos? Principalmente um casal que construiu sua história aqui.
Parece que vou ser padrinho de mais uma doce união proporcionada pela dança!

E, depois de tudo, a música continua...

Valéria disse...

Vamos completar....
Comp aluna da Ponto da Dança, gostaria de acrescentar que o tratamento dado a nós alunos, amigos de alunos, parentes e agregados é o melhor que se encontra em Belo Horizonte. Todos são extremamente educados e cuidadosos conosco. Este é um diferencial que a Escola não deve perder nunca e deve ser um grande exemplo para as outras que só se preocupam com os passos de dança!

Agradeço ao Geovanni e a toda a equipe da Ponto da Dança pelo carinho dispensado a nós alunos.

Anônimo disse...

Olá Marco Túlio - Agradeço o comentário em função da minha opinião.

È bom saber que o que escrevi desperta o interesse e faz com que no mínimo por alguns instantes estejamos em reflexão.

Achei por bem lhe fazer este comentário, pois lendo seu texto senti um incomodo em relação a minha opinião.
Contudo, a idéia principal seria sobre situações da rotina dos bailes que normalmente prejudicam os freqüentadores ( ronda, musica, serviços, cuidado com as pessoas no salão, "aulões" etc.. ).

Friedrich Nietzsche é um bom nome a ser lembrado. Seria legal compartilhar mais temas relacionados ao filósofo em outras oportunidades.

Usei o exemplo do seu pedido de casamento porque em minha opinião não tem a ver com um baile de dança de salão e sim com uma festa particular. E que fique claro isso:
Que essa é minha opinião, que sou quem penso assim.

É rotina e comum nos bailes terem apresentações de dança, um comunicado da escola sobre um workshop e até mesmo rodinha de aniversario.
Aos seus amigos, colegas e simpatizantes creio não sentirem nenhum problema em interromper um baile não particular.
Outros aspectos oportunos de se postar sobre o baile não compartilhamos no seu texto.

O cumprimento pela história, dedicação e amor a sua noiva e a relação com a dança... Realmente muito bonita mesmo. Faço votos que sejam felizes.

Anônimo disse...

Marco Tulio, nao conheço vc e sua AMADAS, nao estava presente no dia, mas minha opiniao é que com a historia de vcs na dança de salao vc nao teve melhor ideia a ser executada. Se fosse comigo eu iria adorar, e com certeza ninguem pede alguem em casamento, sem ao menos ja terem conversado sobre o assunto e claro ambas as partes terem este desejo, acho que nenhum homem faria este tipo de pedido e desta forma correndo o risco de um não! Acredito que o pedido em um baile é realemnte inusitado, mas pq nao o faze-lo se lá e o local que fala da historia de vcs dois??? Pq so temos de ser pedidas em casamento na presença de familia??? que coisa mais antiquada!!!!! Faço votos para a união de vcs e que sejam muito felizem como casal e parceiros na dança!

Anônimo disse...

Olá, Marco Túlio! Confesso que li e reli seu texto e adorei cada palavra, cada vírgula, cada expressão de sentimento contido nele.
A sua sensibilidade e seu romantismo são cativantes. A dança não é apenas o encontro de corpos, mas de almas, ela aproxima as pessoas e as tornam cumplices naquele momento de prazer.
A dança deve ser retratada como a "expressão da alma", mas poucos conseguem perceber isso.
Mais uma vez parabéns para você, o Fábio Gomes Paulino e todos aqueles que conseguem enxergar na dança, o lado romântico e sensível da vida.
Bjs,
Márcia Mangabeira