segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O sem borogodó

por Elaine Reis - Academia Pé de Valsa/BH/MG

Na dança de salão ser homem não é nada fácil. Não estou falando de uma minoria masculina que já nasceu com aquela pegada aconchegante, corpo “swingado” e olhar sedutor, mas de uma maioria que sonha em envolver uma dama e sair bailando nos salões de dança e não tem a mínima idéia por onde começar.
Quero dar a minha solidariedade e o meu apoio como pessoa e professora, pois sinto na pele a dor que eles passam até conseguirem se virar sozinhos nos bailes.
Penso nas cenas do cotidiano das minhas aulas e dos bailes da empresa.
Quantos homens chegam aos bailes e se escondem atrás de uma caipvodka ou de uma bebida qualquer e passam a noite olhando a atitude dos cavalheiros que circulam com uma liberdade de dar inveja. O que eles têm que eu não tenho? E aí para traumatizar ainda mais, depois de vários ímpetos negados, levantam com todas as forças do seu ser e vão chamar uma dama para dançar. O que acontece? Elas falam não, poooooode?
Nas aulas se camuflam atrás de outros alunos e mal conseguem se olhar no espelho.
Como mudar este perfil?
A primeira palavra é CALMA. Quem tem pressa come cru.
O papel do cavalheiro consiste em executar movimentos num determinado ritmo, transmitir à dama de tal forma que ela consiga entender a sua intenção, juntamente com a preocupação de circular na ronda. Assim você tem pelo menos quatro funções para serem executadas conjuntamente.
Dizem que os homens por natureza conseguem fazer uma atividade de cada vez, então galera, dançar não é uma tarefa fácil que aprenda em um período pequeno como a grande mídia anuncia. Por isso fique feliz, pois você conseguirá.
O primeiro passo é escolher um lugar que realmente está capacitado para entender a sua dificuldade. O segundo é ter aulas coletivas para que você possa ter contato com vários tipos de mulheres. Mulheres magras, gordas, leves, pesadas, amigas, birrentas, cheirosas, fedorentas, altas, baixas, aquelas que miram você com um olhar de desprezo. O terceiro é fazer aula particular para que a professora possa dar com exatidão todos os detalhes da intenção da condução, exercícios que deixem mais leve e que façam a pulsação natural do seu corpo fluir na música. O quarto é fazer uma amizade, chegar mais cedo às aulas e treinar com a sua amiga. (Escolha sempre aquela que tem dificuldade e que não tenha uma beleza exagerada, para não te intimidar). O quinto é colocar um lema em sua cabeça: NADA QUE MIL VEZES NÃO RESOLVA. O sexto é não criar expectativas nos primeiros bailes, se deixe errar, não ligue para as caras de deboche das mulheres desacompanhadas, por isso elas estão sozinhas, não é mesmo?
O sétimo é fechar seus olhos algumas vezes e deixar a música entrar. Não tenha medo, é delicioso. O oitavo é ver que tudo começa ficar mais fácil, e o prazer vai invadir o seu ser. O nono, agora que você já está conseguindo ser um pé de valsa e ser reconhecido no salão, é dar um chá de cadeira em todas as mulheres que nunca te ajudaram. Brincadeirinha! O décimo é ser feliz.

Elaine Reis é instrutora especializada em dança de salão da "Academia Pé de Valsa"- BH - divulgando a dança como forma de cultura, arte e lazer.

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