segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Texto: Banda Show

por Elaine Reis

Meu marido me diz que nasci com pique total.
Graças a Deus, devido à profissão, temos muitas amizades e a nossa rede de relacionamento é enorme, assim nossa agenda de casamentos, festas de formatura, festa de quinze anos e velórios também é gigantesca. Faço questão de comparecer na maioria, nas alegrias e tristezas.
Venho percebendo há algum tempo que o perfil das bandas mudou para pior no que diz respeito ao repertorio para atingir um público de dança de salão.
Há mil anos luz, eu e meu marido fomos o primeiro casal em BH a fazer performances de dança a dois em banda. Chegava ao ponto de, em um determinado momento, o conjunto anunciar a nossa presença e descíamos do palco para a pista e, lógico, neste momento fazíamos uma propaganda para a academia. Fazendo um aparte, o espaço para dançarmos no palco sempre foi micro, não era igual hoje que o palco tem escada e vãos maiores, assim em um determinado dia, Léo fez uma pegada e minha perna bateu no microfone da cantora e o mesmo entrou boca adentro da pobre artista. Até hoje não posso lembrar-me do desafinamento que isto lhe custou sem dar gargalhadas.
Voltando ao assunto, sei da extrema necessidade que as bandas têm de agradar a todas as idades em eventos monstruosos. Chegaram à conclusão que o público de dança de salão é mínimo, pois não estão colocando mais músicas para esta finalidade.
Colocam bailarinos executando coreografias que é uma mistura de jazz, clássico, dança de salão, rua, ventre, espanhola no final o resultado fica o NADA. Gastam fortunas com figurinos e trocas de roupa. Alguns números de dança são salvos, pois nos lembram filmes e musicais, mas sem chance nenhuma de dançar a dois.
Para quem é leigo e gosta de ficar sentado, este tipo de banda é um entretenimento. Para a parcela que quer dançar a dois e que já é mais crítica é péssimo e para os “jovens” que gostam de ficar pulando em frente ao palco, estes sim, devem estar satisfeitos com o repertório musical. Se eu fosse dona de banda faria o mesmo, pois assim, conseguem agradar a maioria do público.
Estou chegando à triste conclusão que a tribo mãe está ficando cada dia sem espaço para que as pessoas possam usufruir do seu prazer.
As bandas e os donos de bar a cada dia diminuem seu espaço para a nossa atividade e eles possuem suas razões, em contrapartida, a cada dia ficamos com mais desejo de dançar com música mecânica.
Uma coisa é certa o espaço dos músicos e sua sobrevivência está completamente abalada com a entrada dos DJs.
Enfim, hoje não me realizo como antes nestes eventos, mas podem me convidar que continuarei indo.
Uma observação: nestes eventos como formatura a comida é de graça, não é mesmo! Já vi muito dançarino que normalmente não pede uma batatinha frita se empanturrar nestes acontecimentos. E dizem que não comem em baile!!!! Rsrsrsrsrs.
Indicação: Para quem for produzir um evento de dança de salão hoje a orquestra mais indicada, a meu ver, é ANOS DOURADOS. Não estou ganhando nenhuma comissão, mas sei da dificuldade em manter 22 artistas em cima do palco e o arrepio no corpo quando ouço ao vivo vários instrumentos de sopro. É mágico!

Elaine Reis é professora e proprietária da Academia Pé de Valsa

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