terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Comentário sobre o texto: bolsistas (por uma bolsista)

Texto original: Bolsistas

por Rebeca Ribeiro

Li há algum tempo o texto da professora Elaine Reis que, citando a fala de um renomado professor de dança de salão, dizia: “Bolsistas são um mal necessário.” Certo. Este é o ponto de vista da maioria dos donos de academia, tenho certeza. Mas como nós, bolsistas, nos sentimos com relação a isso?
Primeiramente, alguns esclarecimentos: Nem todas as pessoas entendem o conceito por trás do termo “bolsista”. Explica-se: o bolsista é um aluno, geralmente com um pouco mais de aptidão para a dança (ok. Nem sempre é assim.), que faz uma permuta com a academia, onde ele participa das aulas sem pagamento, formando pares com os alunos desacompanhados. Isso é um bolsista. Ele não é um instrutor, nem funcionário da academia, nem professor e nem um aluno comum. No meio onde vivo (universitário), o termo bolsista refere-se a um estagiário remunerado, ou seja, com bolsa. Então é bom esclarecer este ponto. Nós não temos salário em dinheiro!
Agora, voltando: até onde esse compromisso de permuta é cumprido? Já fui bolsista de duas academia, e a experiência que tive é que, em linhas gerais, o bolsista é muito mais cobrado de sua parte no trato do que a Academia. Se o bolsista pode participar das aulas, pressupõe-se que ele está ali por interesse de aprender. Mas isso nem sempre acontece. Muitos professores entendem que o bolsista só está lá pra “completar turma”, e não pra aprender também. Geralmente somos colocados para dançar com os alunos que tem menos conhecimento – ou mais dificuldade. Assim, o nosso aprendizado fica seriamente comprometido, quando não nulo. Isso sem citar as diversas vezes que já fiquei duas horas seguidas sentada por não ter nenhum aluno ou bolsista “livre” para dançar comigo, ficando atrasada nos passos, e depois sendo cobrada do conhecimento dos mesmos. Depois de passarmos da fase de iniciantes, se não tivermos uma “atenção especial” do professor, vamos ficar estagnados pra sempre no nível de iniciantes e, ainda assim, continuaremos sendo úteis para a academia. Mas e nós?
Algumas academias oferecem aulas de treinamento exclusivas para os bolsistas, o que acho muito justo, já que eles dançam somente com os iniciantes nas turmas regulares. Outras oferecem descontos significativos no pagamento de aulas particulares para o bolsista, assim ele pode arcar com o seu próprio desenvolvimento na dança. Ainda assim, fica a pergunta para os professores, que tanto cobram e reclamam dos bolsistas: Será que alguma academia de dança de salão sobreviveria sem uma equipe de bolsistas? Eu tenho minhas dúvidas quanto a isso. Já vi professores tentando dar aulas sem apoio, e foi trágico.
E, por último, minha mensagem aos alunos e alunas que, não raro, também reclamam dos bolsistas, como se nós fôssemos empregados deles ou da academia: nós também somos alunos como vocês. A única diferença é que nós não pagamos com moeda corrente, mas com serviços. Os rapazes são, como qualquer outro, sujeitos a dificuldades pessoais tais como timidez, nervosismo, inexperiência. Não os pressionem tanto. Hoje em dia as mulheres não precisam mais ficar sentadas com “cara de paisagem” esperando serem tiradas pra dançar. Sejam pró-ativas. Se as damas sabem que os bolsistas estão lá para dançar com elas, os tirem para dançar, ou aproximem-se para uma conversa amigável – que geralmente é coroada com uma dança. Isso iria trazer muito mais satisfação para as moças, e facilitaria a vida dos bolsistas um bocado. E nós, damas-bolsistas, dançamos com quem nos tira pra dançar. Digo por mim: Nunca neguei uma dança a um aluno sequer. Fosse ele iniciante, intermediário, ou avançado. E, pelo menos na academia onde estou hoje, asseguro que esse é o também comportamento das minhas colegas.
Fica o desabafo de uma bolsista que, Graças a DEUS, está satisfeita com sua condição e sua academia, sabendo que nada nesse mundo é perfeito, mas quando as pessoas estão com a “gaveta aberta”, muita coisa pode melhorar (para ambos os lados).

BH Dança de Salão.com.br muito sobre a dança de salão de Belo Horizonte

4 comentários:

Haroldo Lage disse...

Texto interessante. Fui bolsista por um tempo. Lições e amigos ficarão para sempre. Somados os problemas citados com o "lucro" meu saldo ficou positivo.

Haroldo Lage disse...

Texto interessante. Fui bolsista por um tempo. Lições e amigos ficarão para sempre. Somados os problemas citados com o "lucro" meu saldo ficou positivo.

Anônimo disse...

Fui bolsista por varios anos.
Sou ETERNAMENTE grato a minha escola pelos momentos de dança.

Acho que a questao do bolsista é complexa. Grande parte da cobrança por parte da escola e dos alunos no bolsista se deve a uma responsabilidade/postura assumida e adotada pelo proprio bolsista.

Talvez por uma questao de status o bolsista assume uma postura de sabichao/professor. Nessa onda o aluno passa a encara-lo como tal e o professor da escola se aproveita disso e deixa o bolsista fazer a parte chata do trabalho dele (dele professor).

O que deveria acontecer é que o bolsista teria que entender que ele é um MERO completador de par, que so deve abrir a boca durante a aula para falar para o aluno: "Nao tenho certeza. Pergunta pro professor...", se o aluno for timido, ele deve no MAXIMO levantar a mao e falar: o rapaz aqui tem uma duvida.
NUNCA tirar uma duvida. O bolsista nao tem competencia para ENSINAR. Ensinar requer formaçao, muito mais do que conhecimento de passo.

É isso.
Assim cada um vai fazer o seu trabalho. O problema e que os bolsistas assumem um papel de tirar duvida/ensinar passos novos... fazer passos que o prof nem deu ainda.. e depois quando o aluno passa a exigir e o professor a se aproveitar disso, ele reclama.

Bolsistas e professores precisam reunir regularmente para discutir suas relaçoes e definir suas responsabilidades. So assim é possivel cada um cobrar sua parte.

Rebeca Ribeiro disse...

"Bolsistas e professores precisam reunir regularmente para discutir suas relaçoes e definir suas responsabilidades. So assim é possivel cada um cobrar sua parte."

Concordo! Essa seria a 'fórmula ideal'!