domingo, 6 de dezembro de 2009

Texto: Sobre Expertise: Aranhas e teias


por Fernada Freitas

Hoje me senti tentada a escrever aqui. Sou assídua em bailes de academias em BH e não há como deixar de fazer minhas observações, mas não apenas como uma “fruitiva” da dança de salão (lazer), mas também enquanto profissional. Para expressar alguns de meus pensamentos utilizarei a metáfora da aranha e sua teia. As ponderações serão muitas, então vou escrever utilizando alguns blocos:

1.    “Todo tipo de aranha fia a seda, mas nem todas tecem teias”.
 Fiar a seda é o trabalho das aranhas, aliás, de todas as aranhas, ou seja, quando estamos em uma profissão, executá-la com maestria não é um diferencial, é uma condição! Dançar bem é um atributo essencial do profissional da dança. Não estou falando de empreendedores da dança (aqueles que têm seu negócio na dança de salão). É diferente a condição destes e falarei de tal situação depois... Aqui, falo sobre professores. Certo é que muitos são empreendedores da área e também acumulam o status de profissionais professores, portanto, devem ser excelentes no que fazem. Chamo atenção para alguns aspectos:

- Ser Dançarino (a) subtende uma prática diferente de ser Professor (a) de Dança de Salão. As duas profissões são cumulativas, mas não são interdependentes uma vez que pode um indivíduo ser dançarino e não possuir aptidões e competências para ser professor. Didática, conhecimento sobre estruturas de aprendizagem, bem como capacidade de reflexão, interação e comunicação tornam-se essenciais neste caso. É preciso ter um preparo muito mais minucioso em tais aspectos.

- Ser Professor de Dança de Salão indica conhecimento profícuo sobre a dança. E aqui se insere a necessidade das competências necessárias enquanto professor e também conhecimento diverso sobre o estilo de dança que ministra suas aulas, domínio sobre a base histórico conceitual, conhecimento sobre tendências, limitações, possibilidades e etc. Ah! Não posso deixar de comentar sobre o extremo tradicionalismo no ensino de dança de salão. Atribuo isso à falta de conhecimento sobre métodos de ensino, uma competência que deveria ser básica para um professor. O modelo de reprodução é tão bombardeado e mesmo assim o mantemos e deixamos de utilizar outros métodos e técnicas que seriam muito mais envolventes e gratificantes para os alunos. O processo de ensino-aprendizagem centrado no professor já é ultrapassado. Quantos desafios poderiam ser propostos mesclando técnicas ultrapassadas às modernas. É preciso ousar e investir na competência essencial do seu trabalho: ENSINAR! Não é suficiente buscar aprofundamento de técnicas de dança (esta é a competência central do dançarino). É preciso buscar aprofundamento sobre técnicas de ensino.

- Ser empreendedor, gestor da área de Dança de Salão
indica conhecimento profícuo de práticas de gestão, conhecimento sobre a dança e sobre tendências teóricas do processo de ensino-aprendizagem de jovens e adultos ou criança, conforme o caso, especialmente quando se trata de academias, ou seja, escolas. Veja a responsabilidade! Qual a competência central do seu negócio? Qual a sua missão? Se passa pelo ensino, TEM que passar pelo conhecimento profundo sobre como ensinar, como desenvolver pessoas! Invista em sua atividade fim! Mas se você não identificou ainda qual é o seu negócio, sinto dizer: Qualquer vento é bom pra quem não sabe para onde vai!

Voltando a situação da aranha: Toda aranha fia a seda, mas nem toda tece sua teia. Vejo academias rompendo barreiras, crescendo, “bombando” e me pergunto: estão tecendo teias? Executam sua função com maestria, mas tem expertise para prosperar?

Aos professores e aos quase professores, procurem refletir sobre seu conhecimento de dança. Precisam saber um mínimo da dança e não falo sobre fazer e reproduzir passos. Falo de conhecimentos e competências conceituais. Aquelas que nos permitem transcender uma prática alienada, para uma prática consciente de desenvolvimento.

Existem academias sérias, que até desenvolvem uma estrutura como um plano de carreira, preparo e desenvolvimento de seus profissionais, mas existem aquelas que não querem pagar um profissional adequadamente e intitulam “professores” a todos os que se destacam num ritmo. O bicho da seda também fia a seda, contribui grandemente, tem grande significado, mas não é aranha!

Considerando que todos sejam aranhas e possam fiar, quais seriam aquelas aranhas que sabem tecer suas teias? Quais as vantagens de tecer uma teia? Tecer uma teia é mais fácil que somente fiar? Discutiremos isto adiante.

Fernanda Freitas é dançarina, mestre e especialista em política e estratégica, consultora de desenvolvimento pessoal.
fmfprojetos@hotmail.com

BH Dança de Salão.com.br muito sobre a dança de salão de Belo Horizonte

3 comentários:

atila precione disse...

muito bom!!

Unknown disse...

Muito Bom Fernanda!!! Como seria bom que todos pudessem ler textos deste nivel! Parabéns!

Anônimo disse...

Muito bom texto, mas achei a linguagem um pouco técnica demais!